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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Pressão arterial deve ser medida nos dois braços, diz estudo

Medir a pressão dos dois braços não é uma prática comum entre médicos e enfermeiros, mas deveria ser.
Uma revisão de 28 estudos mostra que a diferença de 15 mmHg ou mais entre a pressão sistólica dos dois braços representa um risco 70% maior de morte por doença cardíaca, como infarto. A pesquisa foi publicada na revista médica "Lancet".
A pressão sistólica é a mais alta -em caso de valores normais, a sistólica é 12 e a diastólica, oito. Uma diferença de 15 mmHg poderia significar que, em um braço, a pressão seria de 12 e no outro, 13,5.
A diferença pode indicar doença vascular periférica (endurecimento ou afunilamento das artérias das pernas e dos pés) e risco de doença cardiovascular cerebral, que pode causar demência.
Segundo Celso Amodeo, cardiologista especialista em hipertensão do HCor (Hospital do Coração), pressões diferentes podem indicar um bloqueio em um dos lados do corpo por causa de uma placa de gordura nos vasos.
A medida da pressão nos dois braços pode identificar pacientes com alto risco de doença vascular sem sintomas, dizem os autores da revisão, da Universidade de Exeter, no Reino Unido.
Eles afirmam que essa prática, preconizada pelas diretrizes dos EUA e do Reino Unido, não é seguida pela maioria dos médicos.
O mesmo acontece no Brasil, segundo os especialistas.
A diretriz no país diz que as medidas devem ser obtidas nos dois braços e, se houver diferença de 20 mmHg, as causas devem ser investigadas, de acordo com Weimar Barroso de Souza, presidente do departamento de hipertensão arterial da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
"O problema é que essa recomendação não é muito seguida. É importante que estudos como esse venham à tona até para as pessoas cobrarem esse tipo de cuidado."
Ele afirma, no entanto, que a medição "dupla" só é necessária na primeira consulta. "Não é preciso fazer isso todas as vezes. Se você conhece o paciente, já sabe que em tal braço a pressão é maior e é aquele que você vai acompanhar", afirma.
Ele lembra ainda que sempre vai haver uma diferença entre a pressão dos dois braços, mas ela deve ser menor que 15 mmHg.
"Com o estudo ligando a diferença a um risco cardiovascular maior, a recomendação de medir a pressão nos dois braços fica mais forte", afirma Décio Mion, nefrologista e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Hipertensão.

TRATAMENTO
Em caso de diferença, o primeiro passo é identificar por que há essa alteração. "Pode ser por causa do estreitamento dos vasos das pernas, porque a pessoa já teve derrame ou infarto, por pressão alta não tratada ou outros fatores de risco, como o tabagismo", afirma Mion.
Souza diz que os primeiros cuidados são a alteração desses fatores, como mudar a alimentação e parar de fumar. Depois, o médico pode recorrer ao tratamento adequado das doenças associadas que pioram o quadro, como diabetes e colesterol alto.
Segundo Amodeo, medir a pressão nos dois braços faz parte da investigação médica correta e deveria ser feita em todos os pacientes, independentemente de idade e risco de doenças cardiovasculares.
Ele afirma que o médico deve apalpar os pulsos e, se houver uma diferença notável, é provável que as pressões serão diferentes também. Nesse caso, o ideal é que o médico meça também a pressão das pernas, para não deixar passar uma obstrução de artéria nos membros inferiores.
Fonte: Folha.com -Ciências

Mosquito da dengue já resiste a inseticida, mostra estudo

JULIANA COISSI
DE RIBEIRÃO PRETO


A lógica de que exagerar na dose de analgésicos pode tornar a pessoa mais resistente à dor se aplica ao veneno para o controle do mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus da dengue.
Uma pesquisa da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Botucatu aponta que o emprego excessivo de inseticidas, tanto o aplicado pelas prefeituras quanto os usados em casa, induz o mosquito a ter uma resistência genética maior ao veneno.

O trabalho fez o mapeamento genético de 95 mosquitos em sete cidades paulistas, com diferentes incidências de casos de dengue.
Em laboratório, também foi avaliado como o organismo das larvas do inseto respondia ao veneno.

MAPEAMENTO
A resistência dos insetos a diferentes venenos já vem sendo mapeada pelo Ministério da Saúde e por órgãos estaduais. Em São Paulo, o acompanhamento é feito pela Sucen (Superintendência de Controle de Endemias).
O estudo também toma por base a série histórica dos dados de resistência, catalogados desde 1996 em diferentes cidades pela Sucen.
A estimativa aponta, por exemplo, que, enquanto em Marília, com poucos registros de dengue, os inseticidas públicos matavam ao menos 80% dos mosquitos, em Santos a taxa de sucesso chegava à metade em alguns casos.
"É preciso periodicamente analisar a eficácia, porque a resistência é um processo. O que é bom hoje pode não ser no próximo verão", diz Maria de Lourdes Macoris, que trabalha na Sucen de Marília e é autora do estudo.
Em laboratório, foram selecionadas cerca de 150 larvas do mosquito para cada cidade estudada. Nessa fase, a da análise bioquímica, o metabolismo das larvas mais resistentes ao inseticida mostrou maior atividade das enzimas do grupo das esterases, ligadas à capacidade de neutralizar o veneno.
O estudo também analisou o material genético de 95 mosquitos, nascidos de ovos obtidos em cada um dos municípios escolhidos.
Segundo a pesquisadora, o material genético de cada grupo de mosquito variou muito, o que revelou um baixo fluxo gênico, ou seja, pouca mistura entre as diferentes populações do inseto.

VARIADO
Como a genética do Aedes revelou ser muito variada de uma localidade para outra, isso indica, de acordo com Macoris, que o mosquito tende a se estabilizar em cada local e a desenvolver diferentes níveis de resistência a inseticidas, conforme a exposição do animal à substância.
Órgãos públicos já controlam o veneno, diz a pesquisadora, mas a orientação é que, dentro de casa, o uso seja moderado. "Ainda existe essa cultura nas pessoas de acreditar na eficácia do inseticida em casa", afirma.
O Ministério da Saúde também alerta para o uso doméstico exagerado de inseticidas contra o mosquito.
Há 12 anos, o governo criou um sistema de monitoramento da eficácia dos venenos aplicados. Vinte cidades paulistas foram selecionadas.
A cada dois anos, as prefeituras recolhem ovos do mosquito para serem analisados em laboratórios da rede pública de saúde. O veneno é trocado sempre que a taxa de resistência fica muito alta.

Fonte: Folha.com - Ciências

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Conheça os passos para o funcionamento do PSE brevemente em Sobral

O Programa Saúde na Escola (PSE), lançado em setembro de 2008, é resultado de uma parceria entre os ministérios da Saúde e da Educação que tem o objetivo de reforçar a prevenção à saúde dos alunos brasileiros e construir uma cultura de paz nas escolas.
O programa está estruturado em quatro blocos. O primeiro consiste na avaliação das condições de saúde, envolvendo estado nutricional, incidência precoce de hipertensão e diabetes, saúde bucal (controle de cárie), acuidade visual e auditiva e, ainda, avaliação psicológica do estudante. O segundo trata da promoção da saúde e da prevenção, que trabalhará as dimensões da construção de uma cultura de paz e combate às diferentes expressões de violência, consumo de álcool, tabaco e outras drogas. Também neste bloco há uma abordagem à educação sexual e reprodutiva, além de estímulo à atividade física e práticas corporais.
O terceiro bloco do programa é voltado à educação permanente e capacitação de profissionais e de jovens. Essa etapa está sob a responsabilidade da Universidade Aberta do Brasil, do Ministério da Educação, em interface com os Núcleos de Telessaúde, do Ministério da Saúde, e observa os temas da saúde e constituição das equipes de saúde que atuarão nos territórios do PSE.
O último prevê o monitoramento e a avaliação da saúde dos estudantes por intermédio de duas pesquisas. A primeira é a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (Pense), em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que contempla, além de outros, todos os itens da avaliação das condições de saúde e perfil socio-econômico das escolas públicas e privadas nas 27 capitais brasileiras. O resultado dessa pesquisa servirá para que as escolas e as equipes de saúde tenham parâmetro para a avaliação da comunidade estudantil. A segunda pesquisa será o Encarte Saúde no Censo Escolar (Censo da Educação Básica), elaborado e aplicado no contexto do Projeto Saúde e Prevenção nas Escolas (SPE) desde 2005. Essa sondagem consiste em cinco questões ligadas mais diretamente ao tema DST/AIDS.
O tempo de execução de cada bloco será planejado pela Equipe de Saúde da Família levando em conta o ano letivo e o projeto político-pedagógico da escola. As ações previstas no PSE serão acompanhadas por uma comissão intersetorial de educação e de saúde, formada por pais, professores e representantes da saúde, que poderão ser os integrantes da equipe de conselheiros locais.
Todas as ações do programa são possíveis de serem realizadas nos municípios cobertos pelas equipes do Saúde da Família. Na prática, o que ocorrerá será a integração das redes de educação e do Sistema Único de Saúde. Os municípios interessados devem manifestar sua vontade em aderir ao programa. Portaria do Ministério da Saúde definirá os critérios e recursos financeiros pela adesão e orientará também a elaboração dos projetos pelos municípios.
O Ministério da Saúde, além de incentivo financeiro, ficará responsável pela publicação de almanaques para distribuição aos alunos das escolas atendidas pelo PSE. A tiragem da publicação poderá chegar a 300 mil exemplares este ano. O ministério fará ainda cadernos de atenção básica para as 5.500 equipes de Saúde da Família que atuarão nas escolas.
Portaria 1.861, de 4 de setembro de 2008, que define critérios do programa e traz o Termo de Adesão dos municípios (formato PDF
tamanho: 108 Kb)

domingo, 22 de janeiro de 2012

O que exatamente no vinho tinto melhora a saúde cardiovascular?

 

Álcool ou vinho?
Os benefícios do vinho tinto sobre a saúde estão cada vez melhor documentados.
Mas ainda há uma questão que incomoda muitos cientistas.
Por que o suco de uva não produz os mesmos resultados?
Será que o álcool presente no vinho tinto também desempenha um papel na saúde cardiovascular?
O que mais incomoda é que isso iria contra todas as outras pesquisas que estudam especificamente o consumo de álcool.
Comparação do vinho e outras bebidas
Para acabar com a dúvida, pesquisadores espanhóis idealizaram um experimento inédito, totalmente feito em humanos.
Estudos epidemiológicos relacionados ao consumo de vinho e álcool geralmente usam como voluntários pessoas que gostam de vinho.
Mas o rigor dos cientistas era maior: eles queriam medir o eventual benefício à saúde quando as mesmas pessoas tomam vinho tinto e outros tipos de bebida alcoólica.
Só assim seria possível concluir de forma segura se é o vinho ou o álcool do vinho que faz bem à saúde cardiovascular.
Pacientes do mundo real
O estudo convocou voluntários considerados de alto risco de doenças cardiovasculares, com indicadores como elevado índice de massa corporal, fumantes, diabéticos, portadores de hipertensão e outros fatores.
Metade dos participantes estava tomando medicamentos, incluindo estatinas, aspirinas e medicamentos para controlar a hipertensão.
Segundo os pesquisadores, isso significa que os resultados do estudo são ainda mais relevantes "para pacientes do mundo real".
Dieta alcoólica
Inicialmente, os voluntários passaram um mês sem ingerir qualquer tipo de bebida alcoólica.
A seguir, eles passaram três períodos de um mês cada um tomando vinho tinto, gin ou uma quantidade equivalente de fenólicos contidos em vinho tinto sem álcool.
Foi solicitado aos voluntários que eles não alterassem seu padrão normal de atividade física.
•    Vinho tinto tem efeito similar ao exercício físico
Pouco álcool ou vinho tinto
Os autores concluem que "o conteúdo fenólico do vinho tinto pode modular os leucócitos, enquanto tanto o etanol quanto os polifenóis do vinho tinto podem modular os mediadores inflamatórios solúveis".
Isso indica que os compostos não-alcoólicos do vinho tinto têm um efeito protetor, reduzindo o risco de doenças cardiovasculares.
Mas o que surpreendeu é que o etanol também apresentou um efeito protetor, ainda que não exatamente igual.
Segundo um especialista ouvido pela revista onde foi publicado o estudo, isto se deve principalmente pela baixa dose de álcool ingerida pelos participantes - 30 gramas por dia - enquanto outros estudos já demonstraram que doses maiores pioram o quadro cardiovascular.
Mas ele acrescenta: "Nós precisamos de maiores informações isolando os efeitos da cerveja, do vinho e de vários tipos de bebidas destiladas. Algumas bebidas destiladas, como o uísque, podem ter efeitos antioxidantes úteis."