A ingestão de água de qualidade é fundamental para o bom
funcionamento dos rins. De acordo com o médico Augusto Guimarães, chefe
do serviço de Nefrologia do Hospital Geral de Fortaleza (HGF), o
recomendado é ingerir de 2 a 3 litros de água por dia, dependendo do
peso da pessoa. “A água deve ter pH alcalino (acima de 7) e poucos sais,
principalmente sódio, pois quanto mais minérios presentes, mais dura é a
água”, orienta o médico. A dureza da água é predominantemente causada
pela presença de sais.
Um adulto perde, em média, 1,5 litro de água diariamente, por meio da
urina, transpiração, respiração e evacuação. Para repor essa perda e
manter o organismo bem hidratado, a pessoa deve ingerir água
regularmente para garantir a saúde, manter a temperatura corporal
estável e evitar problemas, tais como a desidratação e o mau
funcionamento dos rins. A água regula as reações químicas das células,
elimina os elementos nocivos e lubrifica as articulações, fornecendo
proteção para os tecidos. Responsáveis por eliminar toxinas e
substâncias do organismo, manter os líquidos e sais do corpo em níveis
adequados e participar do controle da pressão artéria, os rins são
órgãos vitais no corpo humano e é importante ficar alerta com seus
cuidados e se prevenir.
Segundo dados da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS/OMS), uma
em cada dez pessoas apresenta doença renal crônica (DRC) em algum grau. A
doença afeta pessoas de todas as idades e etnias, porém a prevalência
aumenta com a idade. Testes simples no sangue e urina podem detectar
precocemente as DCR e diminuir a progressão da doença. A DRC tem um alto
custo econômico e social, pois pacientes necessitam de cuidados pelo
resto da vida. Estima-se que tratamento com as doenças dos rins crônicas
custe mais do que tratamentos de câncer de mama, pulmão, cólon e pele
somados.
De acordo com a OPAS, a pressão arterial elevada e diabetes são as
principais causas (entre 25-33%) de doenças renais. Outras afecções
menos frequentes são processos inflamatórios (glomerulonefrite) ou
infecciosos (pielonefrite). Algumas DRC são herdadas (como a doença
policística), ou resultado de prolongado bloqueio do sistema urinário,
como a hipertrofia (aumento) da próstata ou cálculos renais. O uso
prolongado de algumas drogas podem causar DRC, como anti-inflamatórios
não esteroides e analgésicos.
Prevenção e tratamento
A maioria das pessoas em estágio inicial de DRC não foi
diagnosticada. No entanto, o teste de função renal é simples e pode ser
realizado por meio de dosagens no sangue. O chefe do serviço de
Nefrologia do HGF orienta a realização anual de exames de sumário de
urina e de dosagem de creatinina no sangue. O tratamento principal
consiste de dieta e medicação apropriados, para ajudar a controlar o
balanço crítico do corpo, que os rins normalmente controlam. Entretanto,
quando há falha renal, metabólitos e fluidos acumulam e pode ser
necessário tratamento de hemodiálise, ou até mesmo transplante renal
associado à medicação para restaurar a função renal.
Conforme define a Sociedade Brasileira de Nefrologia, hemodiálise é o
procedimento em que uma máquina limpa e filtra o sangue, realizando
parte do trabalho que o rim doente não pode fazer. O procedimento libera
o corpo dos resíduos prejudiciais à saúde, como o excesso de sal e de
líquidos. Também controla a pressão arterial e ajuda o corpo a manter o
equilíbrio de substâncias como sódio, potássio, ureia e creatinina. A
hemodiálise é indicada para pacientes com insuficiência renal aguda ou
crônica graves. As sessões de hemodiálise são realizadas em clínicas
especializadas ou hospitais. No Ceará, de acordo com Sistema de
Informações Ambulatoriais (SIA), 4.094 pacientes renais realizaram
sessões de hemodiálise em dezembro de 2014. Em todo o ano, foram
realizadas no Estado 568.313 sessões de hemodiálise pelo Sistema Único
de Saúde (SUS). No HGF, o Serviço de Hemodiálise, que funciona com
moderna estrutura, realizou no ano passado 11.510 procedimentos.
O primeiro transplante de rim do Ceará foi a partir de doador vivo em
1977, no Hospital Universitário Walter Cantídio, da Universidade
Federal do Ceará (UFC). O HGF realizou o primeiro transplante renal
intervivos em 1983. Em 1988 o Hospital Universitário fez o primeiro
transplante a partir de doador cadáver. Em dezembro de 2012, o Hospital
das Clínicas da UFC comemorou a realização de mil transplantes renais,
marca alcançada pelo HGF em abril de 2010. Nos registros da Central de
Transplantes da Secretaria da Saúde do Estado a partir da sua
implantação, em 1998, foram realizados no Ceará 2.808 transplantes de
rim até 2014. Em todo o país, entre 1997 e o ano passado, foram
realizados 68.901 transplantes do órgão, segundo a Associação Brasileira
de Transplante de Órgãos (ABTO).
Orientações da OPAS/OMS para reduzir o risco de doenças renais
- Prática de exercícios físicos – O cuidado com a forma física ajuda a reduzir a pressão sanguínea e reduz o risco de DRC;
- Controle da pressão sanguínea – Muitas pessoas estão a par de que
pressão sanguínea elevada pode levar a um Acidente Vascular Cerebral
(AVC) ou um ataque cardíaco. Poucos sabem, entretanto, que esta é a
causa mais comum de dano renal;
- Alimentação saudável - Opte por uma alimentação saudável, reduza o
consumo de sal e mantenha seu peso controlado – Estas medidas podem
prevenir diabetes, doenças cardíacas e outras afecções associadas com a
DRC. A ingestão de sódio deve ser reduzida para 5-6 g de sal por dia,
evitando alimentos industrializados e dando preferência a ingredientes
frescos;
- Mais água – Apesar de estudos clínicos não terem chegado a um
consenso sobre a quantidade ideal de água a ser consumida, recomenda-se
beber 1,5 a 2l de água diariamente para eliminar sódio, ureia e toxinas
do corpo, resultando em menor risco significativo de desenvolver DRC e
de redução da função renal;
- Não ao fumo – O hábito de fumar diminui o fluxo de sangue para os
rins, e quando isso ocorre, a função renal é prejudicada. Além disso, o
hábito de fumar aumenta o risco de câncer renal em 50%;
- Não à automedicação - Não consuma medicamentos sem prescrição
médica. Drogas como anti-inflamatórios e analgésicos podem comprometer a
função renal se consumidos regularmente.
20.03.2015
Assessoria de Comunicação da Sesa