Hemorragia é a segunda principal causa de morte materna no Ceará, conforme
boletim de mortalidade materna divulgado nesta segunda-feira, 22,pela Secretaria
da Saúde do Estado. Do total de 36 óbitos maternos por causas obstétricas
diretas registrados em 2015, entre aborto, complicação no parto, embolia,
hipertensão, inércia uterina, infecções puerperal, 13,5% foram por hemorragia.
Para reforçar a qualidade da atenção às mulheres em situação de hemorragia
pós-parto, a Secretaria da Saúde do Estado realizará nos dias 1º e 2 de
setembro, o curso “Manejo obstétrico da hemorragia pós-parto e pós-abortamento”.
O curso terá a participação de 40 profissionais, entre médicos e enfermeiros,
das unidades básicas e hospitais de Fortaleza e Região Metropolitana e também do
SAMU 192.
A capacitação faz parte do Projeto Zero Morte Materna por
Hemorragias. “A finalidade é estruturar o processo de qualificação da atenção às
situações de morbimortalidade em mulheres com hemorragia pós-parto,
principalmente em áreas de difícil acesso e poucas tecnologias de cuidado”, diz
Silvana Napoleão, supervisora do Núcleo da Saúde da Mulher, Adolescente e
Criança, da Sesa. Serão abordados assuntos relacionados a manejo ativo do
terceiro período do trabalho de parto, manejo da hemorragia pós-parto, código
vermelho obstétrico, manejo da mulher em situação de “near miss” (quase perda)
com hemorragia obstétrica. “Serão debatidas e aprofundadas dicussões sobre
mortalidade materna por hemorragia, onde mais ocorre no Estado, quais os
serviços disponíveis e fluxos de atenção pactuados”, ressalta Silvana Napoleão.
Zero Mortes Maternas por Hemorragia é um projeto da Organização Pan-Americana da
Saúde (OPAS) e Organização Mundial da Saúde (OMS) em parceria com o Ministério
da Saúde para a redução da morbidade e mortalidade maternal.
O curso
“Manejo obstétrico da hemorragia pós-parto e pós-abortamento” é uma das ações do
Governo do Estado no combate à mortalidade materno-infantil. Há um conjunto de
ações e projetos focados na promoção da saúde da mulher e da criança. Um dos
principais projetos é o Qualifica SUS Ceará, que está mobilizando e capacitando
os municípios para a reorganização da rede de atenção à saúde, com melhorias
para toda a população, incluindo as gestantes. Outra ação é a Rede
Materno-Infantil, que tem proposta de novas diretrizes para mudança do modelo da
atenção aplicado ao parto e ao nascimento, além da capacitação de gestores e
profissionais de saúde para fortalecer iniciativas de hospitais e maternidades à
mudança do modelo assistencial, como a inserção de enfermeiros obstetras na
assistência ao parto e nascimento, por exemplo, debatido no III Seminário de
Aprimoramento da Enfermagem Obstétrica, realizado no dia 1º de agosto deste
ano.
O Ceará é um dos oito estados brasileiros que integram o Projeto
Zero Morte Materna por Hemorragias. De acordo com Silvana Napoleão, com a
implantação do projeto regional, serão desenvolvidos planos de ação para o uso
do traje antichoque não pneumático (TAN) em áreas remotas. O Estado receberá 60
destes trajes, de longa durabilidade, e os participantes serão capacitados para
seu correto uso e funcionamento. “Os trajes são utilizados para garantir a
continuidade do fluxo sanguíneo em órgãos vitais da paciente com hemorragia como
o cérebro, coração e pulmão, até que ela seja transferida para um local que
possa prestar a assistência necessária ou para que sejam adotadas outras
medidas, na própria unidade de saúde em que ela estiver. O traje faz a
compressão da pelve e de membros inferiores do corpo”, explica.
A
supervisora do Núcleo da Saúde da Mulher, Adolescente e Criança, da Sesa,
enfatiza que o traje especial é mais um recurso na prevenção à mortalidade
materno-infantil: “no entanto, o combate à mortalidade materna, que é um dos
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, deve ocorrer antes do nascimento do
bebê. O ideal é um pré-natal e procedimentos adequados no parto. Pela primeira
vez o Estado vai contar com esse recurso, que é o traje especial. Mas a ideia é
que ele seja uma alternativa utilizada somente quando for realmente
necessário”.
Rede assistência materna estadual
Há
quatro hospitais na rede pública do Governo do Estado que acolhem e atendem as
gestantes. Desses, três ficam na capital: o Hospital César Cals, o Hospital
Geral de Fortaleza e o Hospital José Martiniano de Alencar. O HGF tem emergência
obstétrica que funciona 24 horas todos os dias. O Hospital José Martiniano de
Alencar, há pouco de um ano, foi reformado e ampliado, com mais 10 berçários de
médio risco garantidos aos recém-nascidos. O Hospital César Cals , no início
deste ano passou a ter 20 novos leitos de UTI, construídos nos padrões da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e ainda 16 leitos de médio
risco. E a emergência obstétrica está com obras de ampliação e modernização
sendo concluídas. Já no interior, especificamente na macrorregião Norte, as
gestantes que precisam de assistência mais complexa são atendidas no Hospital
Regional Norte, em Sobral, onde há 10 leitos de UTI neonatal e 30 berçários de
médio risco.
Serviço:
Curso “Manejo obstétrico da
hemorragia pós-parto e pós-abortamento”
Período: 1º e 2 de setembro de
2016
Local: Hotel Plaza Suítes - Rua Barão de Aracati, 94, Praia de
Iracema
Horários: 8 às 17h30 (dia 1º) e 8h30 às 13 horas (dia
2)
Leia matéria: Ceará reduz mortalidades materna, infantil e fetal
Veja o boletim na íntegra sobre mortalidade materna
Assessoria de Comunicação da Sesa
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