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segunda-feira, 13 de abril de 2015

Fórum de Editores Científicos questiona internacionalização dos periódicos brasileiros


O Fórum de Editores da Fiocruz divulgou uma carta na qual problematiza e questiona os movimentos em curso para a internacionalização dos periódicos brasileiros, e reafirmando seu compromisso com o debate político sobre a ciência brasileira e sua disseminação, constituindo espaço de discussão e formulação de políticas editoriais e de C&T que garantam a independência e a qualidade das revistas científicas.O documento parte de um importante diagnóstico: por um lado, a limitada participação de pesquisadores brasileiros em artigos com colaboradores internacionais. Por outro, a emergência de novos atores no mercado editorial – publishers ‘predadores’, que aceitam qualquer artigo mediante pagamento, e mega journals, que não usam critérios como relevância ou avanço científico para restringir publicações.
Em seguida, a carta analisa dois movimentos no sentido da internacionalização dos periódicos brasileiros. O primeiro deles, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), corre o risco de copiar – e acabar fortalecendo – o modelo de negócios dos grandes publishers. O segundo, da Scientific Electronic Library Online (SciELO), consiste na mudança de critérios para a permanência ou inclusão de periódicos em suas coleções: alguns dos novos critérios valorizados – como origem internacional de autores, participação obrigatória de pareceristas e editores estrangeiros e publicação em inglês – podem diminuir a qualidade dos artigos, ferir a autonomia editorial e reduzir a penetração de certos temas da saúde coletiva entre profissionais e gestores do Sistema Único de Saúde (SUS).
“A ciência brasileira internacionalizada dessa forma deixará de lado questões de pesquisa de maior interesse regional para se adaptar ao ambiente científico dos países que lideram a publicação científica de alto fator de impacto?”, questionam os autores do documento. O objetivo do Fórum de Editores Científicos da Fiocruz não é desmerecer os esforços empenhados, mas chamar a atenção para a necessidade de um debate mais amplo e profundo sobre o desafio da internacionalização, que requer políticas e investimentos de médio e longo prazos. “Dificilmente estímulos na produção editorial por si sós serão capazes de alterar genuinamente o atual quadro de colaboração internacional acadêmica. Portanto, esse debate deve se fazer de modo articulado com as políticas tanto de pesquisa quanto de ensino do país”, destaca o documento. “Sugere-se um olhar mais cuidadoso para as especificidades e os percalços de cada área, reconhecendo-se que a internacionalização não é uma meta que deva ser seguida por todo periódico científico”.
A carta propõe, ainda, alternativas como o fortalecimento de editoras institucionais e universitárias e repositórios institucionais, que podem ter um papel importante na disseminação da produção acadêmica de modo mais amplo, descentralizado, livre e criativo.
O Fórum de Editores Científicos, criado em outubro de 2014 no âmbito da Vice-Presidência de Ensino, Informação e Comunicação (VPEIC), congrega os periódicos científicos da instituição e a Editora Fiocruz.

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