Camila Carvalho / Ascom
Fiocruz Amazonas
A doutora em Ciências
pela Universidade de São Paulo (USP) e pesquisadora do Instituto
Leônidas e Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazonas), Patrícia Puccinelli
Orlandi, e o pesquisador do Laboratório de Medicina da Universidade
da Califórnia, em São Francisco (EUA), Tung Gia Phan, descobriram
um novo tipo de vírus que causa diarreia e paralisia flácida
temporária nos membros inferiores de crianças de 0 – 5 anos de
idade. O vírus também pode causar encefalite e levar a morte.
A partir da análise
molecular das fezes de crianças com diarreia, atendidas em
prontos-socorros de Manaus, os pesquisadores encontraram, pela
primeira vez no Brasil, o vírus do gênero Gemycircularvirus que
causa, além da diarreia, paralisia flácida temporária nos membros
inferiores. A descoberta foi publicada em um artigo, em abril deste
ano, na revista Virology, disponível para acesso público.
“A paralisia nos
membros inferiores, ou seja, nas pernas, não é simplesmente a
fraqueza que dá após longos períodos diarreicos. É uma paralisia
total, com impossibilidade de andar por até duas semanas”, disse a
pesquisadora da Fiocruz Amazônia.
Segundo Patrícia
Orlandi, de 2007 a 2009, pesquisadores da Fiocruz Amazonas coletaram
1,5 mil amostras de fezes de crianças, de 0 a 10 anos, com diarreia
atendidas no Hospital e Pronto Socorro João Lúcio e na Policlínica
da Codajás (PAM Codajás), em Manaus, para analisar quais tipos de
vírus e bactérias mais acometem as crianças na capital do Estado.
O estudo recebeu aporte
financeiro do governo do Estado, via Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado do Amazonas (Fapeam), em parceria com o Conselho Nacional
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), no âmbito do
Programa de Pesquisa para o Sistema Único de Saúde (PPSUS).
“O pesquisador da
Califórnia (Tung Gia Phan) viu nosso estudo e entrou em contato
conosco solicitando 600 amostras para analisar com relação a novos
tipos de vírus. Em cinco das 600 amostras ele encontrou o novo vírus
do gênero Gemycircularvirus. Parece pouco, mas significa dizer que o
vírus está circulando e que temos de melhorar o diagnóstico para
que haja tratamento adequado e o quadro não se agrave”, disse
Patrícia Orlandi.
Kit de diagnóstico
Diante dos resultados,
Patrícia Orlandi informou que está iniciando um estudo para o
desenvolvimento de um kit de diagnóstico rápido do vírus
Gemycircularvirus. “Com o desenvolvimento de um kti para
diagnóstico, auxiliaremos na vigilância epidemiológica de um vírus
que é tão agressivo e que, até então, era desconhecido”, disse.
Patrícia Orlandi
explicou que a transmissão do novo tipo de vírus é feita de forma
focal/oral, ou seja, a partir do consumo de água contaminada com
fezes contaminada. Atualmente, o diagnóstico só pode ser feito após
a análise molecular das fezes do paciente. “Tentaremos descobrir,
ainda, se o vírus está circulando na região Amazônica para
diminuir a incidência de casos”, esclareceu a pesquisadora.
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