Pela primeira vez realizado no Ceará, o IX Congresso Brasileiro de Doenças
Cerebrovasculares será aberto nesta quarta-feira, 13 de novembro, no Centro de
Eventos do Ceará, com uma homenagem da Sociedade Brasileira de Doenças
Cerebrovasculares ao governador Cid Gomes pela implantação do Programa de
Atenção Integral e Integrada ao Acidente Vascular Cerebral, único programa de
governo para o enfrentamento do AVC em nível estadual. Com o programa, o Ceará
se tornou o primeiro Estado brasileiro a introduzir o tratamento trombolítico
para pacientes com AVC e está montando uma rede de atenção ao AVC, que já tem
unidades em funcionamento no Hospital Geral de Fortaleza (HGF) e no Hospital
Regional do Cariri (HRC). “Nossa meta é muito ousada – em 2015 nenhum cearense
estará a mais de 100 quilômetros de uma unidade de AVC”, diz o neurologista João
José de Carvalho, chefe da unidade de AVC do HGF e presidente do IX Congresso
Brasileiro de Doenças Cerebrovasculares.
Segundo João José de Carvalho, é
o maior evento sobre o tema na América Latina e reunirá mais de 2.500
profissionais de todo o país envolvidos no atendimento ao AVC. A Secretaria da
Saúde do Estado apoia o evento e disponibilizou mil inscrições para
profissionais de medicina e enfermagem que trabalham na atenção primária e
secundária na rede pública de saúde. Os seis cursos pré-congresso serão
realizados durante a manhã e a tarde de quarta-feira. O congresso prossegue até
sexta-feira e, no sábado, serão mais um curso aos participantes do
evento.
A Secretaria da Saúde do Estado iniciou em agosto deste ano a
segunda etapa do Programa de Atenção Integral e Integrada ao Acidente Vascular
Cerebral no Estado do Ceará, envolvendo 32 hospitais e 36 clínicas radiológicas
de Fortaleza que iniciaram a implantação do Registro Estadual de AVC, em
cumprimento da Portaria nº 5681, de 2009, que disciplina a notificação
compulsória da doença no Ceará. A segunda etapa do estudo epidemiológico do AVC
é realizada em convênio com a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert
Einstein, de São Paulo, e financiamento de R$ 1,7 milhão do Programa de Apoio ao
Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS), do
Ministério da Saúde. Na primeira etapa do estudo, entre junho de 2009 e maio de
2012, a mortalidade por AVC em Fortaleza caiu 17% e diminuíram em 32% as
complicações em consequência da doença.
O Programa de Atenção ao AVC,
desenvolvido nas vertentes epidemiológica, assistencial e educativa, iniciou as
ações de vigilância epidemiológica em 2006, com o georreferenciamento de todas
as mortes por AVC em Fortaleza. Em 2009 foi iniciado o estudo hospitalar,
envolvendo 19 hospitais da Capital. Identificados por concentrar mais de 90% das
mortes por AVC, esses hospitais foram visitados por uma equipe de seis
pesquisadores que realizaram a busca ativa de novos casos. No total, foram
identificados 4.686 casos.
O marco do programa foi a inauguração, em
outubro de 2009, da Unidade de AVC do Hospital Geral de Fortaleza (HGF), que
atendeu 1.400 pacientes no primeiro ano de funcionamento. Os pacientes tiveram
acesso ao tratamento trombolítico e a exames modernos como a tomografia
realizada pelo tomógrafo multislice, que realiza o exame em apenas 5 segundos.
Entre 2009 e 2012, a proporção de internações por AVC com realização de
tomografia em Fortaleza aumentou de 90,5% para 98,1%. De 2009 a 2012, entre os
pacientes monitorados pelo Programa de Atenção ao AVC, 78,6% (3.684 pacientes)
receberam alta e 20%, ou 933 pacientes, morreram em consequência da doença. Em
outubro de 2012, a Unidade de AVC do HGF se tornou a primeira do país habilitada
pelo Ministério da Saúde com nível 3 por garantir assistência integral aos
pacientes, desde a emergência aos serviços de retaguarda.
Com 20 leitos e
equipe multidisciplinar composta por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e
terapeutas ocupacionais, a Unidade de AVC do Hospital Geral de Fortaleza é a
maior do país. Por ano, segundo João José de Carvalho, reduz em 30% a
mortalidade causada pela doença em 50% a incapacitações das vítimas. Em números
absolutos, evita cerca de 150 mortes e 400 pacientes ficam livres de sequelas
graves.
Atendimento na região
No mês de março
deste ano, começou a funcionar a Unidade de AVC do Hospital Regional do Cariri
(HRC), que iniciou a descentralização do programa estadual de atenção ao AVC. A
Unidade de AVC conta com equipe de clínico geral plantonista, dois enfermeiros e
um técnico de enfermagem para cada três leitos. Na Unidade de Cuidados Especiais
atuam mais quatro médicos e dois enfermeiros, além de técnicos de enfermagem.
São dez leitos na Unidade de AVC agudo. Na Unidade de Cuidados Especiais são 29
leitos para cuidados ao AVC crônico. De março a setembro, o HRC recebeu 328
internações e duas transferências para a Unidade de AVC agudo. Na unidade, os
pacientes têm acesso ao tratamento
trombolítico.
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