A edição deste mês
da revista
Radis (número 143 - agosto 2014) destaca, na
reportagem de capa, as leishmanioses - grupo de doenças
negligenciadas de difícil diagnóstico, controle e tratamento, que
causam de 20 mil a 30 mil mortes por ano em todo o mundo. A
publicação também apresenta os resultados da pesquisa Nascer no
Brasil, cujos dados mostram que a cesariana, que deveria ser uma
intervenção utilizada apenas para beneficiar mulheres e crianças
em situação de risco, é o meio mais utilizado na hora do parto.
Outra reportagem aponta a relação entre a interferência humana e o
aquecimento global.
Na matéria sobre as
leishmanioses, o repórter Bruno Dominguez faz um alerta: o aumento
da letalidade e a velocidade com que a doença se expande para o meio
urbano se contrapõem às medidas de prevenção, informação para
diagnóstico precoce e desenvolvimento de vacinas e medicamentos
alternativos - que não avançam na velocidade necessária. “É uma
doença complexa, que demanda resposta complexa”, resumiu a
pesquisadora do Laboratório Insterdisciplinar de Pesquisas Médicas
do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Claude Pirmez
Flebótomo mosquito transmissor das Leishmanioses |
Ainda
de acordo com o texto, as leishmanioses são endêmicas em 98 países,
atingindo em especial nações em desenvolvimento, dada sua relação
com pobreza, habitação precária e subnutrição. “O Brasil está
na lista dos países que concentram 90% dos 1,3 milhão de novos
casos registrados por ano no mundo, junto de Bangladesh, Índia,
Etiópia, Nepal e Sudão”, informa a matéria de capa da
Radis.
Outra reportagem de destaque
traz os resultados da pesquisa Nascer no Brasil, coordenada pela
pesquisadora Maria do Carmo Leal, da Escola Nacional de Saúde
Pública (Ensp/Fiocruz). Intitulada Nascer é normal, a matéria
revela que os índices brasileiros de cesariana estão longe das
taxas decrescentes apresentadas pelos países desenvolvidos: "do
total de partos realizados em todo o Brasil, entre fevereiro de 2011
e outubro de 2012, 52% foram cesarianas. No setor privado, que
atende, em sua maioria, mulheres com mais escolaridade e maior poder
aquisitivo, os índices chegam a 88% dos nascimentos",
revela.
Ainda são destacadas a falta de preparo
das mães para o parto, a predominância da medicalização abusiva,
a legislação e no texto Recursos jornalísticos para a defesa
velada da cesariana, a Radis analisa uma
reportagem produzida por um jornal de grande circulação que encobre
a opção por esse tipo de parto.
Fundação
Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz)
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